2004/08/04

O Cravo



O cravo é cultivado há pelo menos 2000 anos. Alguns estudiosos acreditam que o nome de cravo vem de "coroação" ou "corone" (grinalda de flores), por ser a flor mais usada nas coroas cerimoniais gregas. Outros pensam que o nome tem a sua origem na palavra grega "carnis" (carne), referindo-se à cor original da flor, ou à encarnação de Deus (Deus fez-se carne em Jesus).

Na Coreia, ainda hoje, as meninas colocam três cravos no cabelo para saber a sua sorte: se a primeira flor morrer primeiro, os últimos anos da sua vida serão os mais difíceis; se for a flor do meio, os primeiros anos trarão as maiores dificuldades; se for a última flor a morrer primeiro, o pesar e os problemas acompanhá-la-ão durante toda a sua vida.

Para a maioria das pessoas, no entanto, os cravos expressam amor, fascínio e distinção. Os vermelhos representam admiração, enquanto os vermelhos escuro denotam amor profundo, paixão e afeto. Os brancos indicam amor puro e boa sorte (ao contrário do que se passa com as rosas, o cravo branco simboliza uma paixão mais exacerbada do que a do cravo vermelho); os raiados simbolizam o pesar de um amor que não pode ser partilhado; os cor-de-rosa têm o significado mais simbólico e histórico: de acordo com lenda cristã, os primeiros cravos apareceram na Terra quando Jesus foi levado para a cruz. Maria derramou lágrimas aos pés de Jesus, e cravos nasceram onde as suas lágrimas caíram. Assim o cravo rosa tornou-se o símbolo do eterno amor de mãe, e em 1907 foi mesmo escolhido para representar globalmente o Dia de Mãe, o que se observa ainda em muitos países do mundo.

Por cá esta flor transformou-se num símbolo de Portugal para o mundo, a insígnia mais marcante de Portugal no século XX, representando o regime fascista e a libertação revolucionária. Existem três versões sobre o aparecimento dos cravos vermelhos no dia 25 de Abril, todas elas simultâneas e credíveis. De acordo com a primeira, as flores surgiram devido a um casamento marcado para esse dia que não se pôde realizar por as conservatórias estarem fechadas. A segunda conta que uma empresa de exportação de flores tinha um carregamento de cravos para enviar para o estrangeiro, mas, com o aeroporto encerrado, as flores foram mandadas para o Rossio. A terceira versão é a mais conhecida e apresenta-se com um rosto que conta a história na primeira pessoa. A protagonista é Celeste Martins Caeiro, hoje quase a completar 71 anos. Tudo foi fruto de coincidências, de "acasos felizes", como ela diz. Celeste trabalhava num restaurante que fazia um ano nesse dia. Os patrões queriam fazer uma pequena festa, e por isso compraram flores para dar às senhoras. Mas nesse dia o patrão decidiu não abrir o restaurante, por não perceber o que estava a acontecer na cidade, e disse aos empregados para levarem as flores para casa. Eram cravos vermelhos e brancos. Cada um levou um molho. De regresso a casa, Celeste apanhou o metro para o Rossio e dirigiu-se ao Chiado. Deparou-se de imediato com os tanques. "Era um aparato! Quando vi aquilo... Bem, não há palavras. Sabia que alguma coisa se ia dar. E para bem, eu sentia que era alguma coisa para bem", diz. "Cheguei ao pé do tanque e perguntei o que é que se passava. E um soldado respondeu-me: ‘Nós vamos para o Carmo para deter o Marcelo Caetano. Isto é uma revolução!’ ‘Então, e já estão aqui há muito tempo?’, perguntei eu. ‘Estamos desde as duas ou três horas da manhã. A senhora não tem um cigarrinho?’ ‘Não, eu não fumo. Se tivesse alguma coisa aberta, comprava-vos qualquer coisa para comer, mas está tudo fechado. O que eu tenho são estes cravos. Se quiser tome, um cravo oferece-se a qualquer pessoa.’ Ele aceitou e pôs o cravo no cano da espingarda. Depois dei a outro e a outro, até ao pé da Igreja dos Mártires."

"Correu tudo muito bem", diz Celeste. "Tinha de correr, pois os cravos estavam nas espingardas e elas assim não podiam disparar!...".

Etiquetas:

1 na rega:

At 17:52, Anonymous Anónimo disse...

o cravo sofre de disfunção eréctil.

 

Enviar um comentário

<< Home