2004/10/14

A Orquídea


Foi Teofrasto, discípulo de Aristóteles, que lhe deu o nome de Orquídea, inspirado certamente pela forma dos seus bolbos. Orchis significa "testículo".

A história desta flor é um misto de luxúria, capricho e riqueza. As orquídeas são plantas únicas - as suas flores, com formas e cores exóticas, despertam fascínio e curiosidade um pouco por todo o mundo. Existem sociedades e clubes de orquídeas em quase todos os países. Estes grupos e as suas obsessões têm impulsionado bastante o desenvolvimento de técnicas de cultivo e todo o tipo de conhecimento sobre variedades e as curiosas adaptações que as orquídeas têm sofrido, desde que as primeiras chegaram à Europa no princípio do século XVIII em barcos da Armada Britânica. Poucas sobreviviam às longas viagens desde o seu local de origem até à Europa, e também por isso estas raridades constituíam curiosidades muito apreciadas. Selvas e bosques foram brutalmente despojados das suas orquídeas durante o século XIX com o objectivo de satisfazer os caprichos dos abastados coleccionadores europeus. Noutros casos milhares de árvores eram abatidas para dar espaço ao seu cultivo exclusivo.



Os Astecas acreditavam que a orquídea mais famosa, a da baunilha, lhes dava vigor, e por isso bebiam baunilha misturada com chocolate. As mulheres gregas convenciam-se de que as suas raízes podiam determinar o sexo das crianças por nascer - se o pai comesse tubérculos grandes a criança seria do sexo masculino; se a mãe comesse tubérculos pequenos, a criança seria do sexo feminino. Na China ainda hoje é símbolo de fertilidade. Esta associação entre a flor e a reprodução humana nasce certamente da curiosidade que o comportamento reprodutivo da orquídea instigou nos botânicos desde que a flor foi conhecida: para germinar, as suas sementes precisam de ser penetradas através de linhas de um fungo. Apesar de ser bastante associada à pureza espiritual, à universalidade do amor, à sabedoria, paradoxalmente a orquídea representa também a sexualidade nas suas formas mais excêntricas e na carnalidade da sua beleza e dos seus tons.




Maio é o mês do apogeu do florescimento das orquídeas. A maioria das espécies produz flores somente uma vez por ano e cada florescência tem em média dez dias. Para compensar tão pouco tempo de exibição natural, a flor revela formas e cores surpreendentes, que vão do tradicional lilás até tons artificiais, como o laranja. Esta variedade de formas e cores deve-se, em grande parte, a experiências biológicas.




As orquídeas epífitas constituem mais de 90% da totalidade das espécies. Crescem penduradas nas árvores ou em arbustos. São as mais vistosas e por isso são as que mais frequentemente encontramos à venda. Não são parasitas. As suas necessidades são escassas e obtêm água através da humidade do ar e através de raízes aéreas. As semi-terrestres crescem sobre um colchão de folhas em decomposição no solo ou sobre pedras cobertas de musgo. Aqui se incluem os géneros Paphiopedilum, Phragmipedium, Selenipedium e Cypripedium. As terrestres têm as suas raízes na terra, e incluem os géneros Phaius Tankervillae, Bletilla Striata, Calanthe Vestita, Chloraea, Cranichis e Cyclopogon, entre outros.



A família botânica Orchidaceae é a que compreende o maior número de espécies no Reino Vegetal (sem contar com os híbridos que todos os dias são criados e não são registados). Actualmente, a recolha de orquídeas selvagens está proibida na quase totalidade das espécies. Muitas delas encontram-se em perigo de extinção. As que encontramos à venda são principalmente híbridos. Os viveiristas continuamente aparecem no mercado com novos híbridos, cada vez mais adaptados a viver nas nossas casas e com flores cada vez mais impressionantes. Actualmente existem mais de 120 mil espécies de orquídeas híbridas no mundo, contra apenas 35 mil espécies naturais. Mas a natureza sai a ganhar em originalidade, pois a grande maioria das orquídeas criadas em estufas não tem perfume. As espécies híbridas, criadas em estufas, apresentam cores inusitadas a partir do cruzamento de duas espécies e até três. Quando esse cruzamento envolve até quatro géneros surgem flores verdadeiramente especiais. Pode também fazer-se a cultura por simbiose. As orquídeas têm fama, em geral, de cultivo difícil, especialmente para conseguir fazê-las voltar a florescer uma vez perdidas as flores. No entanto hoje em dia podemos encontrá-las cultivadas um pouco por todo o mundo, exceptuando os desertos de extrema secura, os pólos e as zonas situadas a 4.500 metros acima do nível do mar. Há algumas, como as do género Cymbidium, que são geralmente consideradas adequadas para principiantes.



A orquídea é uma flor de magnificência que carrega consigo uma mensagem de perfeição, fausto, desejo, elegância e requinte. São cada vez mais usadas em ramos de noiva e em bouquets ou outros arranjos presenteados no Dia da Mãe.

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